Canto da Poesia

                A poesia é muito mais do que um conjunto de palavras sobrepostas numa folha de papel. A poesia é uma fonte que alimenta a vida, o quotidiano. A poesia é a definição do “eu”, é um cântico preso por estrofes e solto por um pássaro que as faz voar.

                A poesia serve para fazer dos homens grandes; Imortais. Serve para mostrar ao mundo o modo de estar na vida: o grande amor, a sede de escrever, e o sofrimento que é viver. A poesia serve de alimento a um sonho, ditado por palavras que só os mais puros pássaros sabem cantar.

Gente

 

Gente,

Que vive apressadamente,

Sem reparar atentamente,

Na vida que vai passando.

 

Gente,

Que fluí lentamente,

Para a podridão

E uma vida de solidão.

 

Gente,

Que cala e consente,

Entregando-se à preguiça

Ignorando a injustiça.

 

Oh gente,

Quem te quis fazer gente,

Deve estar certamente,

Arrependido! 

Vagabundo

 

Pela avenida vagueia,

Com olhar de esperança,

De cair na lembrança,

Nas vidas que por ele passam

E que nunca reparam

Na sua solidão e tristeza,

Abandono e magreza,

Deste pobre vagabundo

Ignorado pelo mundo.

Penélope

 

Vinte anos esperaste,

Mas nunca desesperaste.

Com o olhos voltados para o mar,

Querias ver Ulisses chegar.

 

No teu tear tecias

O que de noite desfazias,

Com o medo no olhar

De novo voltares a casar.

 

Carregaste determinação e firmeza,

És a alma da mulher portuguesa. 

Navegador

 

Com os olhos voltados para o mar,

Deixo Lisboa para trás,

Percorrendo este caminho

Em busca do desconhecido.

 

Largo a família e a terra onde nasci,

Ainda poucos anos vivi,

Mas trago comigo a ânsia de descobrir

E um novo mapa construir.

Português

 

Ó, povo sofredor

Sempre eterno sonhador.

De memórias gloriosas

E obras majestosas.  

 

Quem é que a ti veio contar

Que seria mais fácil no mar?

Percorrer os oceanos a navegar,

E o mundo conquistar.

O mundo do poeta 

 

Pego na caneta e cedo a inspiração,

Aguento os longos momentos de transpiração.

Quero ver no papel as letras a nascer,

Pois tenho uma alma que sem elas não pode viver.

 

Escrevo sobre as bonitas estrelas,

Fá-lo de brilhante mar.

Existe dor e amor em mim,

E uma canção que te canto assim:

 

Ser poeta é ter asas para voar,

É ter um navio para navegar,

É amar como ninguém,

É saber chorar por alguém.

 

Ser poeta é saber sofrer,

É ter sede e nada poder beber.

Ser poeta é poder gritar:

O mundo consigo levantar!

(Sem título) 

 

Dizem que sou o nada

Querem que eu seja nada,

Mas não sou.

 

Tenho em mim tudo,

Tenho em mim o mundo

E a vida,

Que me enche de alegria.

 

Na minha alma existe prazer,

De fazer da poesia dever,

Descrevendo o que vejo,

Pois é isso que desejo. 

Cloreto de sódio 

 

Tenho uma lágrima

Descendo devagar

Vinda da alma

A cantar:

 

Cloreto de sódio

Que deitas ódio

Esse, teu amor

Que só te trouxe dor

 

Tu, cloreto que dizes lamento

Aos, dias de vento

A quem o destino

Foi ditando castigo

Devagar ... Devagarinho 

Devagar… devagarinho

Percorro um caminho

Sem pressa de alcançar

O topo de luar.

 

Devagar… devagarinho

Vou esperando, sozinho

Que o vento me venha contar

Onde fica o meu lugar.

Da Vinci 

 

Só tu, grande génio

Figura deste milénio,

Fizeste o homem acreditar

Que um dia podia voar.

 

Apaixonado pela natureza

Representaste-a com beleza

Nos teus valorosos desenhos

Artes e engenhos.

 

De longe és o melhor pintor

Oh, poderoso inventor

Fostes um homem genial

Grande mente universal. 

Inês de Castro 

 

Oh, doce e corajosa Rainha

Que por amor nunca temias,

O veneno amargo e fatal

Do impiedoso punhal.

 

Teus ares e gestos suaves

Foram cantar às aves

Num dia tenebroso, mas magistral

Que serias símbolo do amor em Portugal.

Vento de Março 

 

Caminhei até aquele maravilhoso lugar

E com o vento pus-me a falar:

- Canta-me aquela canção,

Que me alivia o coração.

Leva-me esta horrível dor,

E deixa-me sentir o amor.

Dá-me um forte abraço,

Nesta bela tarde de Março.

Coimbra 

 

Coimbra, cidade dos doutores

Sítio dos grandes amores.

Banhada pelo Mondego,

E o som do sossego.

 

Cheira a livros e pinceis,

Fados e papéis.

Coimbra, cidade com história

Digna da memória.

(Sem título)

 

Alma sensível, sou.

Perdida, não sei para onde vou.

Tento manter o espírito sonhador,

Mas dentro dele reina a dor.

 

A minha vida é uma tragédia,

Com a existência de tanta miséria.

Só queria era morrer,

E assim deixar de sofrer.